terça-feira, 9 de março de 2010

Terça.com...Fé e Cultura

"Caridade na Verdade"

No dia 23 de Fevereiro éramos cerca de 40 jovens vindos de diversas paróquias da diocese para mais uma terça.com, donde num ambiente descontraído estivemos a reflectir com a ajuda do Sr. Rui Diniz sobre a recente carta encíclica do Papa Bento XVI "Caridade na Verdade". Foi uma boa forma de nos preparamos para a visita de Sua Santidade ao nosso país no próximo mês de Maio, onde esperamos que seja grande a adesão dos jovens.
Interpelaram-me muito a maneira como o Santo Padre escreve estas palavras tão cheias de sabedoria e que não nos devem deixar indiferentes ao contexto de crise em que todos vivemos. Vemos como esta carta não é fruto de um acaso mas sim, uma resposta ao homem de hoje que face à crise económica global precisa de ser ajudado. Como poderei ajudar o outro a sair de uma situação de crise, dizendo-me eu Cristão? Talvez a única resposta esteja em procurar sê-o em todos os momentos e não apenas quando me convêm.
O Santo Padre nesta encíclica dá direcções muito claras de como devemos agir no campo do trabalho, apresentando-nos uma lógica de viver a caridade na verdade.
Assim a partir de 3 tópicos fundamentais, o Sr. Rui Diniz deu-nos a chave de leitura desta encíclica de Bento XVI, talvez algo complexa, exigindo de nós um esforço em sabermos ler as entrelinhas da mesma mas, que é de uma clareza extraordinária:
1)      O desenvolvimento humano é uma vocação, uma resposta de cada um de nós às perguntas insistentes de Deus. Este desenvolvimento tem de ser visto num ponto de vista integral e não apenas numa dimensão do ser humano. Temos muito a tendência de absolutizarmos as coisas mas, devemos pensar o homem no seu todo. Tendemos a privilegiar mais o ter, o sucesso profissional, o ser mais produtivo para conseguir dar mais lucro à empresa. E o Papa nesta sua encíclica aponta-nos um caminho: O desenvolvimento só pode ser verdadeiro enquanto tivermos em conta o homem no seu todo. O desenvolvimento não pode ser alcançado apenas com as nossas forças, nós que tantas vezes temos a tentação de nos bastarmos a nós próprios. (Isto pode ser um bom indicio de que vamos falhar). Não devemos apenas pensar em nós como seres isolados mas, que precisamos uns dos outros e a força na resolução de um problema ganha-se na medida em que partilho as minhas preocupações. Agora, também sou responsável pelas minhas escolhas e não posso estar à espera que outros decidam por mim.
2)      A globalização e os seus desafios. A crise económica e social das nossas sociedades de hoje, devem ser uma oportunidade para repensarmos os motivos que a provocaram. Ao falarmos de globalização temos a sensação de ser algo de negativo e esquecemos de que foi um factor decisivo no desenvolvimento dos povos. Apesar de o mundo estar a ficar cada vez mais rico as disparidades entre os povos têm aumentado. Daí o Papa nos alertar para a preocupação que devemos ter com os outros enquanto nossos irmãos. Os Estados na ânsia de competirem entre si querem dar vantagens em relação às empresas concorrentes. Então, torna-se mais fácil despedir. Para não cairmos neste perigo, somos desafiados por Bento XVI a preservar o homem, onde o trabalho é parte essencial na dignificação humana. Como Cristão temos de saber tomar as decisões certas nos espaços onde nos movemos.
3)      A Importância da gratuidade entendida como caridade. (nº34) O mercado é o instrumento que permite o encontro de pessoas numa troca de bens por um valor equivalente. É fundamental haver uma justiça distributiva enquadrada numa lógica do dar e receber. Nas empresas sabemos como a lógica não é de dar gratuitamente, tudo é feito num sentido de maximizar então, nós como cristãos ao colocarmos esta lógica à frente de tudo faz com que os outros nos chamem de parvos. Pois, ao ser muita a esmola, o pobre desconfia. Está a dar isto para me pedir algo em troca, (pensarão os colegas de trabalho). A única forma de haver justiça é tornar a caridade presente em todas as empresas. É um remar contra a corrente, apesar de haver sempre alguém em querer maximizar o lucro.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que esta encíclica "Caridade na Verdade", vêm-nos dar directivas muito precisas na nossa hora de decidir dentro da empresa em que trabalhamos.
Acolhamos o desafio de sermos mais ao termos em nossas mãos a responsabilidade de contribuirmos para o desenvolvimento integral do homem. Sermos mais em tudo porque Filhos de Deus e por isso soubemos compreender a lógica da gratuitidade e me Jesus Cristo que se fez um dom de si mesmo ao Pai no amor aos irmãos.

Ricardo Oliveira
 (Paróquia de Sacavém)

1 comentário:

  1. Bom dia,
    para os interessados partilho têm aqui as fotografias desta noite:
    -->> http://j.mp/dz5wFa

    Ainda aproveito para partilhar a Terça.com de ontem:
    -->> http://j.mp/c4gQ0k

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