"Caridade na Verdade"
No dia 23 de Fevereiro éramos cerca de 40 jovens vindos de diversas paróquias da diocese para mais uma terça.com, donde num ambiente descontraído estivemos a reflectir com a ajuda do Sr. Rui Diniz sobre a recente carta encíclica do Papa Bento XVI "Caridade na Verdade". Foi uma boa forma de nos preparamos para a visita de Sua Santidade ao nosso país no próximo mês de Maio, onde esperamos que seja grande a adesão dos jovens.
Interpelaram-me muito a maneira como o Santo Padre escreve estas palavras tão cheias de sabedoria e que não nos devem deixar indiferentes ao contexto de crise em que todos vivemos. Vemos como esta carta não é fruto de um acaso mas sim, uma resposta ao homem de hoje que face à crise económica global precisa de ser ajudado. Como poderei ajudar o outro a sair de uma situação de crise, dizendo-me eu Cristão? Talvez a única resposta esteja em procurar sê-o em todos os momentos e não apenas quando me convêm.
O Santo Padre nesta encíclica dá direcções muito claras de como devemos agir no campo do trabalho, apresentando-nos uma lógica de viver a caridade na verdade.
Assim a partir de 3 tópicos fundamentais, o Sr. Rui Diniz deu-nos a chave de leitura desta encíclica de Bento XVI, talvez algo complexa, exigindo de nós um esforço em sabermos ler as entrelinhas da mesma mas, que é de uma clareza extraordinária:
1) O desenvolvimento humano é uma vocação, uma resposta de cada um de nós às perguntas insistentes de Deus. Este desenvolvimento tem de ser visto num ponto de vista integral e não apenas numa dimensão do ser humano. Temos muito a tendência de absolutizarmos as coisas mas, devemos pensar o homem no seu todo. Tendemos a privilegiar mais o ter, o sucesso profissional, o ser mais produtivo para conseguir dar mais lucro à empresa. E o Papa nesta sua encíclica aponta-nos um caminho: O desenvolvimento só pode ser verdadeiro enquanto tivermos em conta o homem no seu todo. O desenvolvimento não pode ser alcançado apenas com as nossas forças, nós que tantas vezes temos a tentação de nos bastarmos a nós próprios. (Isto pode ser um bom indicio de que vamos falhar). Não devemos apenas pensar em nós como seres isolados mas, que precisamos uns dos outros e a força na resolução de um problema ganha-se na medida em que partilho as minhas preocupações. Agora, também sou responsável pelas minhas escolhas e não posso estar à espera que outros decidam por mim.
2) A globalização e os seus desafios. A crise económica e social das nossas sociedades de hoje, devem ser uma oportunidade para repensarmos os motivos que a provocaram. Ao falarmos de globalização temos a sensação de ser algo de negativo e esquecemos de que foi um factor decisivo no desenvolvimento dos povos. Apesar de o mundo estar a ficar cada vez mais rico as disparidades entre os povos têm aumentado. Daí o Papa nos alertar para a preocupação que devemos ter com os outros enquanto nossos irmãos. Os Estados na ânsia de competirem entre si querem dar vantagens em relação às empresas concorrentes. Então, torna-se mais fácil despedir. Para não cairmos neste perigo, somos desafiados por Bento XVI a preservar o homem, onde o trabalho é parte essencial na dignificação humana. Como Cristão temos de saber tomar as decisões certas nos espaços onde nos movemos.
3) A Importância da gratuidade entendida como caridade. (nº34) O mercado é o instrumento que permite o encontro de pessoas numa troca de bens por um valor equivalente. É fundamental haver uma justiça distributiva enquadrada numa lógica do dar e receber. Nas empresas sabemos como a lógica não é de dar gratuitamente, tudo é feito num sentido de maximizar então, nós como cristãos ao colocarmos esta lógica à frente de tudo faz com que os outros nos chamem de parvos. Pois, ao ser muita a esmola, o pobre desconfia. Está a dar isto para me pedir algo em troca, (pensarão os colegas de trabalho). A única forma de haver justiça é tornar a caridade presente em todas as empresas. É um remar contra a corrente, apesar de haver sempre alguém em querer maximizar o lucro.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que esta encíclica "Caridade na Verdade", vêm-nos dar directivas muito precisas na nossa hora de decidir dentro da empresa em que trabalhamos.
Acolhamos o desafio de sermos mais ao termos em nossas mãos a responsabilidade de contribuirmos para o desenvolvimento integral do homem. Sermos mais em tudo porque Filhos de Deus e por isso soubemos compreender a lógica da gratuitidade e me Jesus Cristo que se fez um dom de si mesmo ao Pai no amor aos irmãos.
Ricardo Oliveira
(Paróquia de Sacavém)
Bom dia,
ResponderEliminarpara os interessados partilho têm aqui as fotografias desta noite:
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Ainda aproveito para partilhar a Terça.com de ontem:
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