A Maratona
Domingo XXXIII
Tempo Comum | Ano C
Já muito próximo do final do ano
litúrgico, a Palavra lança-nos também para essa meta maior, o final dos tempos.
Não como uma catástrofe mas como aquele momento onde será possível o encontro
pleno de amor com Nosso Senhor. É essa Esperança que nos move cada dia.
O Evangelho apresenta-nos um
cenário porventura difícil de encarar e onde não parece ser possível viver com
Esperança. Acresce a isso o facto de a realidade apresentada não tem nada de
fictício ou distante. Vemo-lo acontecer diariamente. Quantos de nós não vivemos
hoje embrulhados em situações de conflito exterior ou mesmo interior? Porventura
situações que simplesmente surgiram sem nunca as termos desejado ou termos sido
sua causa. Existem, certamente com menor ou maior intensidade, dimensões nossa
vida ou da vida dos outros que testemunham este viver no meio de tribulações.. O
facto de muitas vezes implicarem tanto de nós, e virem abalar o nosso tão
desejado conforto, resulta que as vivamos de forma pesada, ou à partida como
derrotados. Isso que nos acontece é um “sem-sentido” a que se resigna para que
cause o mínimo de” estragos” possível. Parece não haver Esperança mas sim um
cenário de cansaço insuportável….
Mas atenção, Jesus não nos deseja
aí, e mesmo com os contratempos próprios da condição humana quer-nos dar vida e
vida em abundância. A Esperança que Jesus quer oferecer não é para ser vivida
num mundo fictício onde não há problemas mas sim no aqui e agora da vida
concreta de cada um. Esta é a grande novidade: seguir Jesus não implica uma vida
sem dificuldades, mas permite vivê-las numa profunda paz. Esperança não é mero
optimismo mas sim um profundo encontro de amor que é possível em cada dia com
vista a esse encontro maior no fim dos tempos. Numa outra imagem, é viver o Céu
já na Terra. Deus diz-nos que o lugar da nossa felicidade encontra-se no nosso
mais íntimo mesmo que fora apenas encontremos imperfeição. Se assim vivermos, a
nossa vida será como uma “fornalha ardente” que queima qualquer dificuldade e
onde se experimenta o calor da verdadeira alegria. É muito importante que identifiquemos
claramente as nossas tribulações, as nossas cruzes, e as abracemos animados
pela presença de Deus que não nos abandona. Pelo contrário, fugir delas é fugir
da única vida que temos para viver. A simples resignação mesmo que camuflada é
como parar de correr pensando que alegria está em evitar o cansaço quando, na
verdade, ela está em cada passo dado que me aproxima mais da meta, essa sim alegria
plena. Reconheçamos, parar não resolve nada daquilo que me levou a parar, e
pior ainda, fecha a possibilidade de experimentar este grande mistério da
Esperança.
Apesar de misterioso, este é um
projecto possível de ser experimentar por todos. São Paulo, viveu na pele todos
estes episódios difíceis que Jesus anuncia no Evangelho, e mesmo aí, ou principalmente
aí, testemunha-nos uma alegria maior que não se deixa vencer. É como alguém que
corre sem se cansar nesta grande maratona da vida! Desde que experimentou a
verdade de Jesus nunca mais parou na tentativa de levar outros a fazê-lo. Daí
que o vejamos na segunda leitura a convidar-nos a imitámo-lo. E com ele surge
esta interpelação:
O que é que hoje te faz correr sem te cansares?
No final de mais uma semana de
oração pelos seminários, partilhamos uma entrevista dada pelo Rui Ruivo, seminarista do Seminário dos Olivais. Estar no seminário também é deixar de
correr “a solo” ou por onde me apetece, e arriscar correr em Igreja e por onde
Jesus quer. Sozinhos somos rápidos mas rapidamente nos cansamos, enquanto que
juntos, vamos bem mais longe onde sempre quisemos mas nunca pensámos possível. Oiçam que vale a pena!
A Fé dos Homens (Diário) - Religiosos - RTP
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