quarta-feira, 31 de março de 2010

Terça.com...a Palavra


Caros amigos,

Aqui fica a minha partilha daquilo que vivi na Terça.com... Palavra no passado dia 23 de Março de 2010 na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa.

Com amizade,
Ricardo Oliveira
Terça.com... Palavra

No passado dia 23 de Março teve lugar mais uma terça.com... Palavra. O facto de sermos poucos jovens fez-nos sentir mais na pele o que é isto de sermos discípulos de Cristo. Pois, Ele próprio escolheu apenas 12, simples homens pescadores para com eles compartilharem da sua vida.
O Pe. Paulo Malícia apenas foi lançando algumas pistas, ajudando-nos a transpor esta Paixão de Cristo segundo São Lucas para o concreto das nossas vidas.
Convidou-nos a todos a não termos mede de olharmos para a cruz de Cristo. Sabemos como esta história não termina apenas naquela manhã de Ressurreição, porque ela continua acontecer em nossas vidas. E, sabemos também como não existe Domingo de Ressurreição sem Sexta-Feira da Paixão. Não haverá amor sem dor, nem vida sem morte.
Este amor do Senhor por nós é fruto de toda uma caminhada, manifestada num desejo profundo de Cristo em querer abraçar até às últimas consequências a vontade do Pai, se para isso for preciso morrer no madeiro de uma cruz.
Vivemos todo o tempo com medo. Temos medo do sofrimento, da cruz... Mas a vida dos cristãos passa também por esta permanente entrega nas mãos do Pai.
É isto que celebramos Domingo após Domingo: O caminho de Cristo até à cruz è também caminho até à Ressurreição.
Nestes momentos foram repassando diante dos nossos olhos os quadros vivos da Paixão de Cristo. Parecíamos estar ali mesmo ao lado de Jesus, acompanhando-o naquela angústia mortal.
I Quadro - Jesus no Jardim das Oliveiras.
Todo o Evangelho de São Lucas, coloca Jesus a caminho de Jerusalém. A agonia no Horto é o culminar de tudo. Jesus sente a agonia da solidão, do abandono até por parte daqueles com quem partilhava a vida. Ficou só na hora da verdade. Mas em todos os momentos importantes e decisivos da Sua vida, vemos Jesus a rezar ao Pai.
Que lugar terá a oração na minha vida? Jesus é o mestre por excelência da oração. Sabe entregar tudo nas mãos do Pai.
Oferece-nos uma grande lição a todos nós que o queremos seguir. "Pai, faça-se a Tua vontade."
Sejamos também nós capazes de fazer este exercício de fidelidade constante. Como sou fiel a este Pai que me desafia a reinventar constantemente? Como tenho sido fiel à vontade do Pai?
Apetece-me ir por este caminho e o Pai desafia-me a ir por outro caminho. Bom Pai, Tu sabes mais de mim do que eu próprio.
Jesus encontrou os seus discípulos mais chegados a dormir. Tantas vezes também nós andamos a dormir nas nossas vidas. O que me faz adormecer? O Cristianismo na sua essência é um compromisso. Não deixemos de olhar para este Pai desafiante.
II Quadro - Judas trai Jesus comum beijo.
Judas é o sinal da Traição. Deixa-se vender pela sua mesquinhez, pelo seu egoísmo. O que me faz afastar do essencial?
III Quadro - Pedro nega Jesus.
Pedro é o primeiro dos Apóstolos a negar Jesus. Aquele que tinha dito estar disposto a ir com Jesus para a cruz, se fosse preciso. É o primeiro a dar o passo em frente, sem dúvida, um grande acto de coragem). Mas, Jesus garante-lhe que isso não seria possível. Quanta densidade deve ter sido aquela troca de olhares entre Jesus e Pedro, após este lhe ter negado por três vezes. Era o perdão a acontecer.
Também nós temos de ter a ousadia de sermos mendigos do perdão de Jesus. Precisamos de ter a coragem de lhe pedir perdão por todos aqueles momentos em que andámos longe de Deus.
Este olhar de Jesus, é um olhar de amor, porventura devastador. Que olhar deve ter sido aquele! Jesus conhece-nos profundamente e sabe como nem sempre conseguimos ser impecáveis por mais que nos esforcemos neste sentido.
IV Quadro - Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz.
Na hora da verdade os "profissionais do Evangelho" não estavam. A "hora das trevas" fê-los duvidar, todos os discípulos de Jesus tinham fugido com medo apenas, ficaram Maria e João, o discípulo amado.
A hora da verdade é dolorosa, o sofrimento custa a todos. Quando é preciso levarmos a cruz por amor a Cristo também nós nos afastamos d'Ele.
Os discípulos de Jesus também se desorientam ao vê-lo sucumbir sob o peso da cruz, mesmo depois de Ele lhes ter avisado que todo este drama da Sua Paixão iria acontecer.
Certamente que hoje, alguém estará ao meu lado com uma dor maior que a minha, talvez igual à de Cristo? Talvez alguém esteja a precisar de mim neste momento e eu a tentar desviar o meu rosto dele.
V Quadro - Jesus implora ao Pai por aqueles que o maltratam. "Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem."
Jesus em vez de pedir por si próprio, intercede ao Pai por aqueles que ninguém ligou. Pede pelos seus malfeitores.
VI Quadro - Jesus é despido das suas vestes.
Que humilhação deve ter sentido Jesus ao ser despido das suas vestes diante daquela numerosa multidão. Será que alguma vez nos sentimos humilhados por amor a Jesus?
VII Quadro - Jesus é um inocente que morre por amor.
Hoje Jesus continua a sofrer inocentemente na pessoa de tantos irmãos nossos. É todo um mistério ainda incompreensível para muitos de nós.
Serei capaz de contemplar as chagas dos injustiçados deste mundo?
VIII Quadro - O último suspiro de Cristo na cruz.
O grito de Cristo na cruz: "Pai nas tuas mãos eu entrego o meu espírito...", não é um grito de desespero nem de dor, mas sim, de vitória de Cristo sobre a morte. Não é um acto masoquista, Cristo ter aceitado abraçar a cruz pois, Ele não quer o sofrimento senão apresentar-nos uma proposta de caminho. A Salvação.
Cristo quer dar sentido às tuas dores. Depois deste grito de Cristo na cruz o mais doloroso de todos os gritos foi vencido: a morte.
Esse sofrimento que tu trazes contigo, entrega-o na cruz de Cristo para que Ele o transforme em vitória.
Entrega-lhe também a tua cruz. Diz-nos Jesus: "Entrega-te a Mim, porque Eu também já Me ofereci por ti."
E digamos-lhe nós: "Eu sem Ti, não sei sorrir nem chorar. Eu sem Ti já não sei o que é viver..."
Façamos um esforço de durante esta "Semana Santa" por descobrirmos este caminho de vida e encontremos um sentido para as nossas dores.
A humanidade continua a precisar do nosso "Sim", como todos precisámos do "Sim" de Cristo na cruz.
Uma Santa Páscoa!
Ricardo Oliveira (Paróquia de Sacavém)
Nª Srª de Fátima - Lisboa, a 23 de Março de 2010.

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