segunda-feira, 30 de setembro de 2013

XXVI Domingo do Tempo Comum, Ano C
 
I Leitura - Am 6, 1a.4-7
Salmo Responsorial - Sl 145[146], 7-10
II Leitura - 1Tm 6, 11-16
Evangelho - Lc 16, 19-31
 
 
 
         As leituras deste Domingo falam-nos de algo que não é simples de ouvir mas que toca um ponto essencial do nosso caminho enquanto cristãos. Por vezes, Deus é assim, dirige-nos palavras aparentemente “duras”. Faz isso porque nos ama, e porque nos ama como um Pai faz tudo o que está ao Seu alcance para que os Seus filhos não se desviem por caminhos que levam ao vazio, ao egoísmo, à solidão.
 
        Se a fé é um” bom combate”, como nos diz São Paulo, isso implica uma constante vigilância. E para que seja de facto bom, isto é, para que a luta diária não seja um peso insuportável mas antes uma frescura sempre renovada há que colocar toda a nossa vida nas mãos de Deus, deixando que Ele lute em nós e por nós. Este é um combate que dura a vida inteira, daí que o Papa Emérito Bento XVI tenha dito que “na vida de fé quem não avança, recua”.
 
        Ora, é exactamente esta tentação de parar que Deus quer evitar. É esse mesmo dinamismo que vemos no rico do Evangelho; cheio de bens, de facilidades, de conforto, tudo estava em função de si mesmo. Por essa razão era incapaz de notar em Lázaro, um pobre que estava junto ao seu portão e que apenas reclamava um gesto de amor. Não correrá a Igreja (nós) este mesmo perigo? O Papa Francisco tem sido incansável neste ponto. Várias vezes nos tem dito que é preciso “sair”, ir às periferias, procurar o desconhecido mesmo correndo o risco de errar. Uma coisa é certa, se o encontro de cada um com Jesus for verdadeiro, será impossível guardá-lo para si mesmo, portanto, não façamos da fé algo com que nos enriquecer ou uma descoberta que nos relaxa. A fé antes de mais deve ser um “desconforto” diário para me aproximar mais ainda do Céu e mais daqueles que nunca o “tocaram”.
 
       Vocação é isto mesmo; é tomar as grandes e pequenas decisões da nossa vida, não em função de nós mesmos, do nosso conforto, ou do que nos dá jeito, mas em função d’Outro maior que nós e que nos convida a uma vida de doação. Não basta dizermo-nos seguidores de Cristo, há que arriscar experimentar de facto seguir Cristo, caso contrário nunca iremos perceber na totalidade esse “título” que reclamamos. Não sejamos como o rico que se fecha na sua mansão vendo a vida a passar por si, mas agarremo-la com coragem mesmo que isso implique tomar opções que poucos tomam. Por vezes, as riquezas de que nos fala o Evangelho são apenas medos que nos bloqueiam…

           Concretizando, quem é hoje o teu Lázaro?
 
“Ser feliz é fazer os outros felizes” (Raoul Follereau, “amigo dos leprosos”)
 



 




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