quarta-feira, 30 de setembro de 2009

No Castelo de Deus

“Na vossa opinião, caro S. Francisco, quem ama a Deus precisa de embarcar no navio de Deus, decidido a aceitar a rota assinalada pelos seus mandamentos, pelas directivas de quem o representa e pelas situações e circunstâncias da vida permitida por ele. Imaginastes entrevistar Margarida, quando estava para embarcar para o Oriente com o seu marido S.Luís IX, rei de França:
            - Aonde vai, Senhora?
            - Para onde vai o Rei.
            - Mas sabe ao certo para onde irá o Rei?
            - Ele disse-mo por alto; de qualquer maneira não me preocupo com saber aonde vai; só faço questão de ir com ele.
            - Mas então, Senhora, não tem nenhuma ideia sobre esta viagem?
            - Não, nenhuma ideia, a não ser a de estar na companhia do meu querido senhor e marido.
            - O Seu marido irá ao Egipto, fará paragem em Damieta, em Acre e em lugares como esses; a Senhora não tem intenção de ir também a esses sítios?
            - Verdadeiramente não; não tenho outra intenção que a de estar ao lado do meu Rei; os lugares onde ele parar, não têm importância alguma para mim, a não ser a de ele estar presente ali. Mais que viajar, eu sigo-o; não quero a viagem, mas basta-me a presença do Rei.
            Aquele Rei é Deus e Margarida somos nós, se amamos Deus a sério. E quantas vezes, de quantas maneiras, voltastes a esta ideia! «Sentir-se com Deus como uma criança nos braços da mãe; que nos leve com o braço direito ou com o braço esquerdo tanto faz; deixemos isso a Ele». (…)
            No castelo de Deus procuremos aceitar qualquer cargo. Cozinheiros ou ajudantes de cozinha, criados de quarto, moços de cavalariça, padeiros. Se for do agrado do Rei chamar-nos para o seu Conselho privado, vamos, sem nos agitarmos demasiado, sabendo que a recompensa não depende do lugar, mas da fidelidade com que servimos.”

Carta imaginária de Albino Luciani (posterior João Paulo I), contida no livro Ilustríssimos Senhores

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