“Na
vossa opinião, caro S. Francisco, quem ama a Deus precisa de embarcar
no navio de Deus, decidido a aceitar a rota assinalada pelos seus
mandamentos, pelas directivas de quem o representa e pelas situações e
circunstâncias da vida permitida por ele. Imaginastes entrevistar
Margarida, quando estava para embarcar para o Oriente com o seu marido
S.Luís IX, rei de França:
- Aonde vai, Senhora?
- Para onde vai o Rei.
- Mas sabe ao certo para onde irá o Rei?
- Ele disse-mo por alto; de qualquer maneira não me preocupo com saber aonde vai; só faço questão de ir com ele.
- Mas então, Senhora, não tem nenhuma ideia sobre esta viagem?
- Não, nenhuma ideia, a não ser a de estar na companhia do meu querido senhor e marido.
- O Seu marido irá ao Egipto, fará paragem em Damieta, em Acre e em
lugares como esses; a Senhora não tem intenção de ir também a esses
sítios?
- Verdadeiramente não; não tenho outra intenção que a de estar ao lado
do meu Rei; os lugares onde ele parar, não têm importância alguma para
mim, a não ser a de ele estar presente ali. Mais que viajar, eu sigo-o;
não quero a viagem, mas basta-me a presença do Rei.
Aquele Rei é Deus e Margarida somos nós, se amamos Deus a sério. E
quantas vezes, de quantas maneiras, voltastes a esta ideia! «Sentir-se
com Deus como uma criança nos braços da mãe; que nos leve com o braço
direito ou com o braço esquerdo tanto faz; deixemos isso a Ele». (…)
No castelo de Deus procuremos aceitar qualquer cargo. Cozinheiros ou
ajudantes de cozinha, criados de quarto, moços de cavalariça, padeiros.
Se for do agrado do Rei chamar-nos para o seu Conselho privado, vamos,
sem nos agitarmos demasiado, sabendo que a recompensa não depende do
lugar, mas da fidelidade com que servimos.”Carta imaginária de Albino Luciani (posterior João Paulo I), contida no livro Ilustríssimos Senhores
Sem comentários:
Enviar um comentário